Tribos

Existem várias tribos espalhadas por aí. Cada uma com as suas características, seus integrantes, seus dialetos. Pois bem. No trajeto para o serviço, eu passo por algumas. Na verdade são 3. A tribo dos motoristas de van escolar, a tribo dos motoboys e a dos pedreiros.

Não sei dizer bem ao certo, de qual eu fujo primeiro....hehehehehe...
A primeira no caminho, é a dos motoras de van. Eles ficam todos, com seus 50 anos, parados em frente à escola, tomando seu solzinho, lendo seu jornal, batendo papo e olhando sabem o que? Nossos traseiros. E o resto, por tabela. Eles são mais comedidos, pois não escancaram, não ficam gritando ou fazendo qualquer manifestação. São os come-quieto. Só de rabo de olho, entre uma sugada e outra da bomba de chimarrão. Mas são vários, reunidos, então intimidam um pouco. Passar por entre eles se torna desconfortável. Logo mais a frente vem à segunda tribo, e na minha opinião, a pior: os pedreiros. Eles ficam bem próximos dos motoristas, portanto, ir por um lado ou outro da rua não faz muita diferença.
Hoje eu tive, que eu me lembre, a pior experiência com eles. Estava eu, indo bem serelepe, quando olho pra frente e noto que eles descarregavam um caminhão de pedras. Devia ter uns 7 ou 8, fazendo aquelas correntes. “Aiiiiii Jesuis, é hoje”, pensei eu.
Como 1 + 1 são 2, me aproximei e escutei a primeira manifestação:

- Pára, pára.....
- Um minuto de silêncio – disse um deles.
- Deixa a loirinha passar, pelo amor de Deus!!
- Congela o tempo, que a visão tá uma delícia – disse outro.

Agora me explica: um minuto de silêncio é uma manifestação boa ou ruim? O que ele quis dizer com isso afinal?

Passei, meio roxa de vergonha, pois ao lado tem uma creche, e o movimento de pais é intenso. Todos olharam, inclusive eles. A rua é silenciosa, pouco movimento de pedestres. Qualquer voz mais alta, chama a atenção. Ainda mais às 7:45 da manhã. Logo hoje que eu estava sem meu mp3!! Não tinha como escapar. Fui obrigada a ouvir. O pior foi não entender direito. Mas acabei concluindo que devia ser coisa boa.
Segui meu caminho. Cantarolei, pensei na vida. Parece demagogia, mas não é. Nada melhor do que dar uma caminhada e pensar, pensar.....

Bom, já estava chegando, quando cruzei com a terceira tribo: os motoboys. Vários, muitos. Ficam parados em frente a um restaurante que faz entregas de almoço. Sempre rola aquelas piadinhas ou um assovio. Esses não me chateiam muito, pois não são tão baixos. Eu disse “esses” especificamente. São mais educadinhos, talvez por lidarem com pessoas de mais “gabarito”. Trabalho numa zona chique....heheh....Mas nunca escapo, nem que seja emprestando o isqueiro para algum deles. Sim, porque eles sabem que eu fumo. Mesmo não estando com o cigarro na mão, eles arriscam. Já ouvi inclusive, num dia que andávamos próximos, eles comentando:

- Pede cara.- falou um deles.
- Eu não. Ela nem tá fumando....
- Mas ela fuma – respondeu o outro.
- Como tu sabe? – perguntou.
- Porque ela sempre passa aqui fumando. Hoje que ela não tá. Mas deve ter isqueiro né?

Ou seja, ser mulher é uma aventura. Mesmo não querendo chamar a atenção, andando soterrada embaixo de mil casacos, somos reféns dessas tribos e de muitas outras. Na verdade, nos tornamos reféns dos homens e de suas intermináveis brincadeirinhas (que podem ser muiiiiiiito nojentas).

Fala sério!!!!!!




Fuiii....